Linux. O que é, como surgiu ?

Luiz Guilherme
4 min readJun 6, 2021

Para muita gente, o Linux é meramente um sistema operacional. Essa definição não está errada, mas também não está completa. Na verdade, o Linux é parte de um todo, mais precisamente, é um kernel de código-fonte aberto, que foi — e é desenvolvido — ao longo do tempo graças à colaboração voluntária de desenvolvedores de várias partes do mundo.

Em poucas palavras, código-fonte é um conjunto de instruções baseado em uma linguagem de programação que, depois de compilado ou interpretado, forma um software. Tendo acesso ao código-fonte, é possível saber como determinado programa ou recurso de software foi desenvolvido.

O que é kernel?

Kernel pode ser entendido como o núcleo do sistema operacional, isto é, como a parte essencial deste. Cabe ao kernel fazer a intermediação entre o hardware e os programas executados pelo computador. Isso significa que a junção do kernel mais os softwares que tornam o computador usável (drivers, protocolos de comunicação, entre outros), de acordo com a sua aplicação, é que formam o sistema operacional em si.

Para compreender melhor, você pode imaginar o kernel como sendo o chassi de um veículo. De acordo com a aplicação em questão, uma montadora pode adquirir um chassi e utilizá-lo para montar um carro para transportar cargas ou, se a necessidade for esta, construir um automóvel de passeio para uma família. Perceba que o kernel não é, necessariamente, um software manipulável pelo usuário. Ou seja, não se trata de algo tão simples a ponto de poder ser instalado e, logo em seguida, estar pronto para uso, como um aplicativo de edição de textos, por exemplo. O kernel é uma base complexa, que serve de estrutura para o sistema, atuando nos “bastidores”. Assim, o usuário sequer precisa saber de sua existência para poder utilizar o computador.

A história do Linux

A história do Linux começa no ano de 1991, pelas mãos de um estudante universitário finlandês chamado Linus Torvalds. O Linux foi criado por ele, não totalmente do “zero”, mas sim como uma variação do Minix. O Minix é um sistema operacional simples, criado por Andrew S. Tanenbaum, um renomado professor de computação que é conhecido pelos diversos livros que escreveu para a área.

Tanenbaum disponibilizou o Minix principalmente para servir de auxílio no ensino de computação. Trata-se de um sistema operacional simples, que exige poucos recursos de hardware e cuja primeira versão foi lançada em 1987. Linus Torvalds, então com quase 20 anos, começou a estudar ciência da computação na Universidade de Helsinki, na Finlândia, em 1988. Cerca de dois anos depois, aproveitando o conhecimento que tinha e estava adquirindo sobre a linguagem C, decidiu criar a sua própria implementação de um terminal em seu recém obtido computador 80386, principalmente para acessar o servidor Unix da instituição de ensino. Isso porque ele já havia testado o Minix para essa finalidade, mas não estava satisfeito com os seus recursos.

A intenção de Torvalds era a de fazer o projeto rodar especificamente em sua máquina 80386, com o desenvolvimento sendo feito a partir do Minix. O trabalho avançou de tal forma que chegou um ponto em que Torvalds já tinha um kernel funcional em mãos.

GNU/Linux

Você já deve ter visto em vários lugares a expressão GNU/Linux. O que isso significa? Tal como você já sabe, o Linux, por si só, é um kernel. Sozinho, um kernel não tem muita utilidade. É necessário “juntá-lo” a um conjunto de softwares para que tenhamos, efetivamente, um sistema operacional em condições de uso.

É aí que o projeto GNU entra em cena. GNU é a sigla para um nome curioso: “GNU is Not Unix (GNU Não é Unix)”. Trata-se de um projeto que teve início em 1984 pelas mãos de Richard Stallman, que queria criar um sistema compatível com Unix, mas sem utilizar código deste.

Com o passar dos anos, o projeto foi ganhando recursos, como compiladores e editores de texto. Mas, faltava um elemento importantíssimo: um kernel. Stallman e seus colaboradores estavam trabalhando em um kernel de nome Hurd, mas dada a demora em concluí-lo, muitos daqueles que precisavam ou queriam usar software GNU decidiram recorrer a algo que souberam ser capaz de atender à necessidade que tinham: o Linux.

Então, basicamente, o Linux que temos hoje é conhecido por trabalhar em conjunto com software GNU. Por isso, muitos integrantes e simpatizantes de movimentos ligados ao software livre defendem a ideia de que, quando houver referência ao sistema operacional como um todo, o nome GNU/Linux deve ser utilizado. Acontece que, por comodidade ou simplesmente desconhecimento, muitas pessoas criaram o hábito de chamar todo o conjunto de Linux e não apenas o kernel.

--

--

Luiz Guilherme
Luiz Guilherme

Written by Luiz Guilherme

Analista SRE focado em Observabilidade na LocalizaLabs

No responses yet